Em uma investigação sobre como a empatia age nos motoristas, pesquisadores da Universidade de Nevada, nos EUA, chegaram a uma revelação que comprova como o racismo ainda é estrutural, mesmo em democracias desenvolvidas como a americana.
O estudo, publicado na revista científica Journal of Transport and Health, verificou, entre outras questões, se a cor da pele do pedestre influencia no comportamento do motorista de um carro que se aproxima.
O método científico foi o seguinte: duas mulheres (uma branca e uma negra) e dois homens (um branco e um negro) atravessavam um cruzamento. As travessias eram filmadas, assim como a aproximação dos carros da região. O comportamento de cada veículo era documentado.
Dos 461 carros que passaram por esse trecho em que os voluntários atravessavam, apenas 28% diminuíam a velocidade para esperar o pedestre completar o trajeto. (Na maioria dos casos, as pessoas precisavam dar aquela corridinha para não serem atropeladas.)
O que já era ruim fica pior. Além desse padrão de direção agressiva, o estudo chegou a outra revelação que, num mundo civilizado, deveria chocar: os automóveis pararam mais para pedestres brancos (31,1%) que para negros (24%).
Para os pesquisadores, uma explicação possível é um senso de superioridade dos motoristas sobre os passantes negros. Muitos desses condutores entendem que a vida desses pedestres de pele escura vale menos que a deles.
Além do sentimento de superioridade, fica evidente, neste caso, um reflexo de toda uma cultura de desigualdade racial.