Na garagem do prédio, uma Kombi Luxo 1968, pintada de "verde Caribe", tem placa preta. Há sinais de que jamais fora restaurada: as calotas um pouco desgastadas, as lanternas simpaticamente descoloridas e os bancos com discretos indícios de cansaço.
Mais do que admirar sua integridade e elegância, me perco entre os pensamentos quanto à missão que tem sido para seu proprietário (ou seus proprietários) mantê-la altiva, original e funcionando.
Quantos programas cancelados por causa da chuva, peças repostas, dinheiro e tempo investidos, "não encosta, por favor" pronunciados? Quantos desafios impostos pela vida e superados pela determinação em seguir com a companheira de tantas histórias e viagens?
A placa preta é a consagração dessa jornada por vezes ingrata, mas quase sempre gratificante. É uma espécie de "troféu" dado aos carros que sustentaram ao menos 80% de originalidade e conservação por 30 anos -- ou seja, tem que ter sido fabricado de 1987 para trás.
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nesta reportagem do UOL.