CESVI Brasil - Centro de Experimentação e Segurança Viária

Quem dirige de forma agressiva tem menos cognição social e empatia

Confira um estudo tcheco que aponta a condição mental de motoristas que avançam no farol vermelho, ultrapassam limites de velocidade e colocam em risco a vida de pedestres.

16/07/2020
Por que alguém é mau motorista? Há aqueles a quem falta intimidade com o volante, que se confundem na troca de marchas, não têm muita noção das diferenças entre dirigir em dia de sol e embaixo de chuva, entre a cidade e a estrada. Mas há outro tipo de condutor que se comporta de forma condenável no trânsito por vontade própria. Ultrapassa limites de velocidade, assume a direção após o consumo de bebida alcoólica, desrespeita o semáforo e a faixa de pedestres. São os que até reúnem as habilidades para dirigir, mas abusam delas por uma irresponsabilidade que vai além da sensação de onipotência: inclui o descaso pela vida do próximo.

É o que têm mostrado algumas das pesquisas mais recentes sobre a psicologia do motorista. Em 2018, um estudo da República Tcheca, apresentado na publicação científica NeuroImage, revelou que indivíduos com histórico de direção agressiva ativam menos áreas do cérebro associadas com cognição social e empatia.

O ESTUDO
Os psicólogos tchecos monitoraram a atividade cerebral tanto de bons quanto de maus motoristas enquanto todos assistiam a vídeos de segurança viária. O objetivo era entender por que alguns condutores ignoravam as regras de trânsito, colocando a vida de terceiros em risco, enquanto outros obedeciam às normas. Os vídeos foram feitos especialmente para provocar reações de empatia e compaixão em relação às vítimas dos acidentes apresentados. 

Os pesquisadores, então, usaram ressonância magnética para comparar a atividade cerebral dos voluntários, especificamente numa área do cérebro chamada sulco temporal superior (STS), uma parte do órgão responsável pelo reconhecimento fácil e pela nossa capacidade de imaginar o estado mental de outras pessoas sob diferentes circunstâncias – como vitimadas por uma tragédia do trânsito. E esse superpoder de nos colocar no lugar do outro é exatamente o que chamamos de empatia. 

O que os pesquisadores confirmaram com esse experimento: indivíduos que não possuíam histórico de infrações de trânsito tinham maior atividade no STS, e se declararam, em questionário posterior, mais preocupados com as consequências dos acidentes sobre as vítimas. Já os maus motoristas tinham menor movimentação nessa área do cérebro, e pareciam estar pouco se importando com as implicações dos acidentes.

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